«O que hoje parece irreversível,<br>não é»
Jerónimo de Sousa marcou presença no habitual jantar de fim de ano da Organização Regional de Braga do PCP, realizado no sábado. Este ano, a iniciativa juntou mais de duas dezenas de militantes e amigos do Partido num restaurante na freguesia de Tebosa.
Iam já as conversas animadas, entre as histórias de luta e de trabalho que cada um trazia para contar e os acordes da viola da São Pitadas, a quem a animação musical ficou a cargo durante o convívio, quando se deu início às intervenções políticas da noite.
Carlos Almeida, membro do Secretariado da DORB e recém-eleito vereador da CDU na Câmara Municipal de Braga, perante a ameaça de mais cortes, mais desigualdades, mais pobreza, mais despedimentos e mais desemprego patente no novo Orçamento do Estado, lançou o repto para que se responda com o combate necessário, medida a medida, artigo a artigo. Para terminar a intervenção – na qual começou por saudar as centenas de membros do Partido e independentes que tornaram possível, durante a batalha eleitoral que terminou no dia 29 de Setembro, o expressivo resultado da CDU no distrito –, Carlos Almeida garantiu que, no que depender da luta e da resposta dos trabalhadores e do povo, este OE não vai passar, assim como derrotado sairá «um Governo de miseráveis que não pode condenar um País à miséria».
Já Jerónimo de Sousa, que não deixou de valorizar também o resultado que a CDU obteve no distrito e no País (tendo sido a única força política que cresceu em votos e em número de mandatos, reconquistando câmaras municipais que há muito havia perdido), sublinhou que esta dura batalha encerrou em si uma lição maior: a de que nada está perdido para sempre. Foi segundo esta linha de raciocínio que o Secretário-geral do PCP fez uma análise da situação actual do País, marcada por profundos recuos nos direitos, nas funções sociais do Estado, nos serviços fundamentais, fruto da política de direita agravada desde a assinatura do pacto de agressão entre a troika estrangeira e o PS, PSD e CDS.
Perante a pretensa inevitabilidade deste rumo e a ideia de que os sacrifícios são para todos, Jerónimo de Sousa respondeu com duas recentes estatísticas que mostram que cresceu o número de multimilionários no País em 28 por cento, tendo estes visto as suas fortunas aumentarem 16 por cento, ao mesmo tempo que 25 por cento dos portugueses estão a viver na pobreza ou no seu limiar. Por outro lado, lembrou, há muito que o PCP propõe a renegociação da dívida nos seus montantes, prazos e juros, assim como a aposta na produção nacional, tirando partido do nosso subsolo, do nosso mar e da nossa agricultura para desenvolver o País.
Salientando a sua preocupação perante o estado do País, Jerónimo de Sousa manifestou também uma grande confiança na alternativa política, patriótica e de esquerda que só o PCP poderá garantir. Uma proposta alternativa que tem juntado cada vez mais trabalhadores e outras camadas à luta de todos os dias, que resultará na derrota de um Governo cada vez mais isolado, para provar que «o que hoje parece irreversível, não é». No distrito de Braga, a luta continua no dia 18, no Arco da Porta Nova, numa acção de indignação e protesto promovida pela União de Sindicatos de Braga/CGTP-IN.